Trio foi preso há 43 dias após terem sido flagrados trabalhando em um garimpo ilegal no país. Familiares alegam que eles foram torturados e submetidos à condições subumanas.
Quatro brasileiros, dentre eles três maranhenses, estão há 43 dias presos na região de Imataca, na Venezuela, após terem sido flagrados trabalhando em um garimpo ilegal no país. Aos familiares, eles alegam que foram torturados e submetidos à condições subumanas.
Os maranhenses são Lucília Ferreira do Nascimento, da cidade de Poção de Pedras; Francisco Cunha Silva, de Bom Jardim e Samuel da Conceição, de Lagoa Grande do Maranhão.
O trio foi preso pelo Exército da Venezuela em 26 de outubro, em uma área de garimpo, próxima a fronteira com a Guiana Francesa e cerca de 700 km de Caracas, capital da Venezuela. Eles foram acusados de mineração ilegal na região.
No Maranhão, familiares e amigos dos maranhenses, afirmam que eles não tiveram direito à defesa e desde então, estão sendo submetidos à condições precárias e subumanas.
Familiares contam que os maranhenses ficaram nove dias sob a custódia do Exército e não receberam nem água e nem comida e além disso, sofreram maus tratos e abusos.
A irmã de Francisco Cunha Silva afirma que os maranhenses foram torturados e o irmão teve as costelas quebradas.
“Ele tem 54 anos, ele foi machucado, foi muito torturado, aliás todos eles, mas ele foi o que mais ficou machucado. A gente ficou desesperado, sem ter dinheiro para mandar para lá, porque disseram que precisava de advogado e a gente não tem dinheiro para pagar advogado”, disse Lucilene Silva, irmã de Francisco.
Preocupada com a situação, Lucilene Ferreira, irmã de Lucília, viajou até a Venezuela para tentar ajudar na libertação da irmã e de outros brasileiros.
“Foi uma operação do governo legal do país sim, mas eles também cometeram um crime porque eles abusaram das mulheres, os meninos foram torturados, a minha irmã foi torturada. Então de certa forma eles também cometeram um crime”, afirma Lucilene Ferreira.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) acompanha o caso. “Os agentes consulares irão fazer uma visita pessoal, essa visita é pessoal junto ao presídio onde eles se encontram, e prestar todo o apoio”, explicou Adauto Brahuna Neto, presidente de Assuntos Consulares e Diplomáticos da OAB-MA.
O medo dos familiares é que os maranhenses não sejam libertados após o fim do prazo dado pela justiça.
“A minha irmã sofreu muitos maus tratos, ela ficou dois dias em cima de um cachorro morto, sabe eles mantiveram ela dois dias em cima de um cachorro morto, na tortura. Ela ficou 11 dias sem tomar banho, então ela está muito impressionada, muito doente, eu preciso levar minha irmã embora. E o meu medo é esse, deles estenderem esse prazo só para depois de janeiro, eles serem atendidos em juízo de novo”, reafirmou Lucilene Ferreira, irmã de Lucília.
A Defensoria Pública da União (DPU) disse que instaurou um processo de assistência jurídica e que por meio de ofício ao Ministério das Relações Exteriores, solicitou que o Estado Brasileiro adote providências urgentes visando a proteção dos brasileiros, assim como a assistência diplomática e acesso à defesa.
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores informou que não pode fornecer informações devido à Lei de Privacidade, mas informou que está prestando assistência aos brasileiros.
Fonte: G1 Maranhão