O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância da maturidade política entre os ministros do PT, pedindo que projetos pessoais sejam deixados de lado em prol da formação de alianças eleitorais competitivas para 2026. Durante uma reunião na noite de quinta-feira, 28, no Palácio da Alvorada, Lula destacou que o PT e seus aliados precisam garantir a maioria no Senado no próximo ano, caso contrário, a Casa de Salão Azul poderá ser dominada por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula convocou ministros, líderes do PT no Congresso e o novo presidente do partido, Edinho Silva, para uma conversa reservada para discutir estratégias do governo na Câmara e no Senado, assim como as eleições do próximo ano. Em 2026, 54 das 81 cadeiras do Senado serão renovadas, e pesquisas indicam que aliados de Bolsonaro estão se saindo melhor nas disputas.
Esse cenário preocupa o Palácio do Planalto, e ministros presentes na reunião interpretaram as palavras de Lula sobre a importância de formar chapas competitivas para o Senado como um alerta para o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Haddad, que busca a reeleição, precisa de bases fortes, especialmente em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que são os maiores colégios eleitorais.
Até o momento, Haddad não demonstrou intenção de deixar o cargo para se candidatar. Estima-se que cerca de 20 dos 38 ministros deixem seus postos em abril do ano que vem para concorrer a vagas no Congresso e em governos estaduais.
Em relação ao momento político atual, Lula não imaginou surpresas no julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começará na próxima terça-feira, 2. A expectativa é que ele seja condenado por tentativa de golpe e pela abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A reunião com ministros e líderes do PT ocorreu após uma série de encontros de Lula com representantes de outras legendas que apoiam o governo. Recentemente, ele se reuniu com ministros e líderes do Republicanos, União Brasil, PSD, MDB e PSB.
Na conversa entre os petistas, Lula reafirmou seu compromisso em exigir lealdade de seus aliados, assim como fez na reunião ministerial de terça-feira, 26, quando expressou sua indignação pela falta de defesa do governo por membros do PP e do União Brasil em meio às críticas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também se juntou aos que criticaram o Planalto naquela ocasião, e tem sido considerado pelo Centrão como um potencial adversário de Lula nas eleições de 2026.
Durante a reunião, o presidente elogiou a operação da Polícia Federal, denominada Carbono Oculto, que na quinta-feira desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentava bilhões em postos de combustíveis por meio de fintechs.
O governo acredita que os resultados dessa operação irão acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que está parada no Congresso.
Ainda assim, Lula expressa preocupação em relação à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que foi instaurada para investigar os desvios de aposentadorias do INSS. O presidente não se conforma com a perda da presidência e da relatoria da CPMI e acredita que isso ocorreu porque os articuladores políticos do PT “dormiram no ponto”.

